Produtos da floresta

Óleo de Bacaba - Oenocarpus distichus

ÉPOCA DA SAFRA

DADOS FÍSICO-QUÍMICOS E APLICAÇÕES

O óleo de bacaba (Oenocarpus distichus) é um líquido esverdeado e de odor agradável, cujas características organolépticas e propriedades físico-químicas são muito parecidas com as do óleo de oliva.

O alto teor dos ácidos graxos oléico e linoléico insaturados garantem, ao óleo de bacaba propriedades emolientes, possibilitando seu emprego em produtos para o cuidado da pele e dos cabelos. Tradicionalmente o óleo é empregado na revitalização do couro cabeludo.

O ácido linoléico faz parte dos chamados ácidos graxos essenciais (AGE), que são aqueles necessários ao homem. Este ácido graxo essencial é um dos componentes lipídicos da pele, reduzindo a diminuição da perda de água trans epidérmica e evitando o ressecamento da pele.

USO POPULAR

Os frutos são consumidos, in natura, chamado de “vinho de bacaba” semelhante ao “vinho do açaí”. Para processá-lo precisa separar a polpa do fruto e bater com água. A bebida é altamente calórica, porém mais oleosa que o açaí.

Da polpa da bacaba também é retirado um óleo utilizado na comida e para fazer sabão. Tradicionalmente para fazer o óleo os frutos amolecidos são colocados no pilão e batidos para soltar a massa. Depois a massa é esquentada numa panela com água. Quando a massa esquenta, o óleo começa a boiar sobre a água e precisa ser retirado. Dizem que para aumentar o rendimento do óleo precisa deixar o “vinho” azedar de um dia para o outro.

ECOLOGIA

A mais famosa e muito conhecida das bacabeiras no estado do Pará é a bacaba-de-leque (Oenocarpus distichus). Ela só tem um tronco, e ocorre em áreas de solos pobres e argilosos e não-alagados. Essa espécie pode crescer na sombra, contudo prefere áreas mais abertas e é resistente ao fogo, sendo encontrada em capoeiras e pastos. No Acre e no Alto Amazonas se encontra a bacabinha (Oenocarpus mapora), que possui vários estipes. No Acre também existe o bacabi (Oenocarpus minor), e o bacabão, que é considerado um cruzamento da bacabinha com o patauá.

A bacabeira não forma populações homogêneas como o açaí ou o tucumã e na capoeira pode atingir de 20 a 50 palmeiras por hectare.

O fruto da bacaba é composto de 38% de mesocarpo, do qual é retirado o óleo, e 62% de amêndoas. O mesocarpo, quando novo, contém 25% de óleo que equivale 10% de óleo por fruto. Cada bacabeira produz entre 1 a 3 cachos por ano, pesando 20kg de frutos cada. Estimando 2 cachos produzidos com 40kg de frutos por ano uma produção de 4kg de óleo por ano e planta pode ser esperada.

As sementes de bacaba precisam entre 2 e 3 meses para germinar, crescem lentamente e começam produzir frutos a partir do 6º ano. O desenvolvimento inicial precisa ser protegido por sombra para não secarem demais.

No Pará, a bacabeira produz entre dezembro a abril, no período mais chuvoso, o que corresponde com a entressafra do açaí.

REFERÊNCIAS

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SHANLEY, P. et. al. : Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica, 2005, CIFOR, IMAZON, Editora Supercores, Belém, p. 300 .

CARVALHO, A. V. et al (2016): Phenolic composition and antioxidant capacity of bacaba-de-leque (Oenocarpus distichus Mart.) genotypes; Journal of Food Composition and Analysis 54 (2016) 1–9 https://www.tib.eu/en/search/id/BLSE%3ARN381632633/Phenolic-composition-and-antioxidant-capacity-of/ .

Santos, M. F. G. et al (2013): Minor components in oils obtained from Amazonian palm fruits GRASAS Y ACEITES, 64 (5), 531-536, 2013 .