PREFACIO
Euclides da Cunha definiu a Amazônia como “o maior palco já montado pela natureza onde o homem chegou cedo de mais“. Talvez os amazônidas sejam vítimas da sua própria antecipação e grandeza. Seria redundante citar o quanto os desafios amazônicos são imensos, a valorização de seus produtos e consequentemente a sua biomassa é um destes.
O DESAFIO
Ricardo Borges, em 1941, prefaciando a obra de Celestino Pesce *, “Oleaginosas da Amazonia”, cita Paul Le Coint **: “A exploração metódica das plantas bastaria para dar outra vez ao País a prosperidade que conheceu nos tempos de ouro da borracha”. Naquela época Borges já exaltava o Instituto Agronômico do Norte, o qual, segundo ele, com pesquisa acabaria a mísera condição de exportadores de matérias primas a preços ínfimos, permitindo que fosse obtido óleos refinados e produtos de química fina, além de um plantel de espécies para melhoramento genético. De lá até os dias de hoje perguntamos, quais as benesses para a indústria de óleos e gorduras que aquele Instituto, já extinto, e outros centros de pesquisa nos deram?
Existe hoje em dia refinarias e melhoramento genético para as culturas do dendê e da soja, plantas de industrialização completas, projetos importados em parte ou como um todo. E para as culturas amazônicas?
Um exemplo a ser seguido no Brasil é o da Petrobras, que gerou tecnologia e conhecimento, descobriu o pré-sal e recebeu da China 10 bilhões de dólares antes mesmo de iniciar a produção em larga escala. Não comensuramos quantos “pré-sais oleaginosos” estamos deixando de aproveitar ou destruindo-os na Amazônia antes mesmo de conhecê-los.
* Celestino Pesce (1869-1942), químico industrial italiano, adquiriu em 1913 a Fábrica Industrial Cametaense, e publicou em 1941 o livro Oleaginosas da Amazônia” que apresenta uma extensa lista com as características do óleo de mais de 100 espécies amazônicas.
** Paul Le Cointe (1870 – ?) naturalista francês, foi o primeiro diretor da “Escola de Química Industrial” do Pará, criada em 1920.
AS INDÚSTRIAS OLEAGINOSAS – UM BREVE HISTÓRICO
É aceitável que existem dois momentos na historia das oleaginosas da Amazônia nas últimas três décadas: antes da Brasmazon e depois da Brasmazon *. Antes da Brasmazon o mercado era informal e marginal, com produção feita de forma artesanal, sem critério técnico, em sua maioria misturados a todo tipo de adulterantes, de óleo de soja a óleo diesel, como no caso da copaíba, e vendidos nas feiras livres.
Com a Brasmazon o mercado começou a perceber a importância da qualidade e da continuidade no fornecimento de óleos amazônicos. Antes, o mercado sequer conseguia 10 toneladas de óleo de andiroba de uma única vez. Quando o mercado demandava a necessidade de uma quantidade considerável, o preço disparava e o cliente desistia, pelo preço e pela falta de padrão do produto. A partir da Brasmazon começaram a surgir linhas cosméticas tendo como base produtos amazônicos. Desta forma, o Brasil começou a falar em produtos como andiroba, copaíba, castanha-do-Pará, o que foi considerado um marco inicial para o uso desses produtos, principalmente por procederem da maior floresta tropical do mundo, onde o desconhecimento de sua biodiversidade ainda é uma realidade.
1995
Criado nos subúrbios de Belém e descendente da mais típica expressão cabocla da Amazônia, Luiz Morais, formou-se em Química e Engenharia Química pela UFPA (Universidade Federal do Pará), onde também se especializou em Química de óleos e gorduras. começou a idealizar um projeto para o aproveitamento de oleaginosas amazônicas e outros produtos não madeireiros. As pesquisas feitas pelo Departamento de Química Pesquisa de Produtos Naturais da UFPA, onde passou a trabalhar, davam sustentação técnica para esta empreitada, uma vez os conhecimentos tradicionais repassados pela sua avó e sua mãe já vinham sendo investigados desde a adolescência o que fez com que o mesmo seguisse o caminho de químico. Em 1995 surge a sua primeira empresa no Amapá, para dar credibilidade ao projeto, Morais dá continuidade ao levantamento de campo de espécimes com potencial extrativista e ativos interessantes, este levantamento leva dois anos A criação da empresa no Amapá oferece ao mercado produtos de origem florestais com qualidade, quantidade e proposta de continuidade, nunca visto no mercado de cosméticos e fármacos.
2002
A empresa prospera e se muda para Ananindeua (PA) e em 2002 é negociada com um grupo empresarial paulista chamado BERACA. 2003 surge a Amazon Velas, Morais segue então como consultor para empresa BERACA.
2009
Em 2009 surge uma nova empresa chamada AmazonOil com um novo sócio, Dr. Ekkehard Gutjahr, um alemão-brasileiro que trabalhou na Floresta Amazônica para o Serviço de Desenvolvimento Alemão e como consultor em projetos agroflorestais por mais de 15 anos. Desde então, a AmazonOil ganhou destaque internacional e se focou em produtos especiais e química fina da Amazônia, atendendo aos pedidos do mercado internacional.